Hoje, dando sequência aos meus artigos que dissertam sobre pesquisas científicas que abordam diagnósticos que podem ser tratados com canabidiol (CBD/RSHO™), trago à pauta a conhecida enxaqueca que é mais um diagnóstico referente ao nosso cérebro. Ainda, com todos os avanços da medicina e da indústria psicofarmacológica, os indivíduos que sofrem de enxaqueca apresentam transtornos e limitações físicas e mentais, lidam com recidivas e também com os efeitos colaterais das medicações mais comuns… Isso tudo somado, traz um impacto muito limitador nas mais simples ações cotidianas do paciente. De forma simplista e breve, vamos definir e entender melhor esse diagnóstico:
Considerada pela OMS como uma das doenças mais debilitantes do mundo, a enxaqueca (hemicrania ou hemialgia) é um transtorno neurológico crônico que atinge cerca de aproximadamente 15% da população mundial, caracterizado por dores de cabeça recorrentes, de moderadas a graves, muitas vezes associadas a diversos sintomas do sistema nervoso autônomo. Não se conhecem os mecanismos exatos da enxaqueca, acredita-se, porém, que seja causada por um desequilíbrio químico-cerebral, um transtorno neurovascular relacionado com o aumento da excitabilidade do córtex do cérebro e de anormalidades no controle dos neurônios da dor nos núcleos do nervo trigêmeo do tronco cerebral.
A dor de cabeça afeta geralmente apenas um dos lados, é de natureza pulsátil e dura entre 2 e 72 horas. Entre os sintomas associados estão náuseas, vômitos, sensibilidade à luz, ao som ou odor. A dor geralmente agrava-se com a atividade física e cerca de um terço das pessoas com enxaquecas veem uma aura (um distúrbio transitório visual), outras, um distúrbio sensorial, motor ou na linguagem, que sempre antecedem a ocorrência de uma enxaqueca.
Distorção visual comum em enxaquecas com aura devido à compressão do nervo óptico
Em mais um passo adiante em relação às terapias alternativas para trazer conforto ao paciente que sofre de enxaqueca, um estudo publicado no 3º Congresso da Academia Europeia de Neurologia realizada em Amsterdã, na Holanda, descobriu que os compostos ativos na canabis podem ser mais efetivos para reduzir a frequência da dor aguda da enxaqueca que os remédios alopáticos apresentando também menos efeitos colaterais, tanto em quantidade quanto em intensidade.
Foram estudados 127 participantes que sofriam de enxaqueca crônica e/ou dores de cabeça severas que ocorriam apenas em um lado da cabeça, muitas vezes ao redor de um olho. A medicação baseada em canabis que os pesquisadores deram aos participantes foi uma combinação dos dois compostos ativos na planta da maconha: o CBD que extensamente venho estudando e abordando em meus artigos e o THC (composto psicoativo da planta). O estudo teve duas fases.
Na primeira, os pacientes com enxaquecas crônicas e agudas receberam doses variáveis do fármaco CBD-THC. Os resultados mostraram que aqueles que receberam uma dose de 200 mg por dia durante três meses sofreram significativamente menos dor (cerca de 55% menos) – doses mais baixas não proporcionaram o mesmo alívio da dor.
A segunda fase do estudo incluiu tanto aqueles que sofriam de enxaqueca crônica quanto aqueles que sofriam de cefaleias (dores de cabeça) em um só lado da cabeça. Os doentes com enxaqueca foram tratados com o fármaco CBD-THC ou com 25 miligramas de amitriptilina (medicação antidepressiva frequentemente utilizada para tratar enxaquecas). Os pacientes com cefaleia receberam o fármaco CBD-THC ou 80 miligramas de verapamil (um bloqueador de canais de cálcio frequentemente prescrito para esse tipo de cefaleias).
Os resultados mostraram que o CBD-THC além de ter sido melhor na redução da frequência de ataques de enxaqueca do que a medicação alopática comumente prescrita (40,4% versus 40,1%, respectivamente), o CBD-THC foi também muito eficaz na redução da intensidade da dor da enxaqueca, diminuindo-a em 43,5%. A combinação também foi eficaz na redução da gravidade da dor em pacientes com cefaleia, mas apenas naqueles com histórico de enxaquecas desde a infância.
Os efeitos colaterais da combinação CBD-THC, quando percebidos, eram menores em intensidade e quantidade em relação aos outros medicamentos. As pessoas que tomaram CBD-THC relataram menos dor no estômago, menos dores musculares e menos episódios de colite do que aquelas que tomaram alopatia. A única observação de efeitos colaterais maiores na combinação CBD-THC foram alguma sonolência e em alguns casos dificuldade em se concentrar.
Muito bem, esse é mais um estudo que reforça a massiva quantidade de pesquisas existentes que provam que o canabidiol é efetivo na redução da frequência de enxaquecas trazendo ao paciente uma alternativa menos arriscada para medicar a dor do que as drogas convencionais. Uma série de novos ensaios clínicos estão em andamento para determinar se as drogas feitas a partir dos compostos poderiam suplantar os opióides como analgésicos, trazendo assim, à sociedade, a extinção ou ao menos a diminuição de casos de dependência de opiáceos.
Não há mais volta à esta temática, os ensaios e pesquisas científicas com o canabidiol estão proliferando-se em todos os centros acadêmicos mais bem reputados no mundo e é demasiadamente encorajador observar o progresso e a qualidade de vida que o CBD têm trazido às pessoas que dele se utilizam para os mais diversos tipos de tratamentos e diagnósticos. Se pensarmos que pesquisas desta estirpe, além de trazer ao paciente todas as vantagens mencionadas, poderiam também reduzir a quantidade de pessoas com dependência em opioides, torna-se muito claro que deva ser imperativa a continuidade das pesquisas científicas no tema.
Por Junior Gibelli
Diretor de assuntos médicos da HempMeds® Brasil